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quinta-feira, 28 de julho de 2011

Fonte: Zine Tralala.
www.zinetralala.blogspot.com

Muitas vezes ouvimos que os pobres são gratos à caridade. Alguns o são, sem dúvida, mas os melhores entre eles jamais o serão. São ingratos, descontentes, desobedientes e rebeldes - e têm razão. Consideram a caridade uma forma inadequada e ridícula, de restituição parcial, uma esmola, geralmente acompanhada de uma tentativa (impertinente) por parte do doador de tiranizar a vida de quem a recebe. Por que deveriam sentir gratidão pelas migalhas que caem da mesa dos ricos? Eles deveriam estar sentados nela e agora começam a percebê-lo.

Quanto ao descontentamento, qualquer homem que não se sentisse descontente com o péssimo ambiente e o baixo nível de vida que lhe são reservados seria realmente muito estúpido. Qualquer pessoa que tenha lido a história da humanidade aprendeu que a desobediência é a virtude original do homem. O progresso é uma consequência da desobediência e da rebelião.

Não consigo entender como alguém que tem uma vida medonha graças a leis absurdas possa ainda concordar com a sua continuidade. Entretanto, a explicação não é difícil. A miséria e a pobreza são de tal modo degradante e exercem um efeito tão paralisante sobre a natureza humana que nenhuma classe consegue realmente ter consciência do seu próprio sofrimento. É preciso que outras pessoas venham apontá-lo, e ainda assim muitas vezes não acreditam nelas.

É por isso que os agitadores são necessários. Sem eles, em nosso estado imperfeito, a civilização não avança.

Oscar Wilde.

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