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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ex-deputado Nelson Goetten, preso por crime sexual, denuncia desvios na Assembleia Legislativa

Desvio de verbas das convenções e funcionários fantasmas que envolveria pelo menos metade dos parlamentares


Fonte: ND Online

Depois de 51 dias de cárcere, Nelson Goetten (esq.) faz denúncias. (Foto Fernando Mendes, ND).

Preso desde 2 de junho na UPA (Unidade Prisional Avançada) de Itapema, sob acusação de estupro e aliciamento de menores, o ex-deputado federal pelo PR, Nelson Goetten de Lima, quebrou o silêncio. Em entrevista ao jornalista Nader Khalil, da RIC Record, ele resolveu contar o que sabe sobre a indústria de subvenções sociais, farra das diárias e um esquema para esquentar para notas fiscais frias e justificar gastos na Assembleia Legislativa de Santa Catarina.


O ex-deputado deu a entrevista dentro da prisão. “Se apurar tudo o que acontece, a casa cai”, afirmou Goetten, referindo-se à Assembleia. Ele não deu nomes, mas revelou que o governo determinava a cota de subvenção social para cada deputado. Segundo o ex-parlamentar, nem todos os deputados participavam do esquema, mas, quem se aproveitou, criava uma associação mantida por subvenções, mas parte desses recursos retornava aos deputados por meio de desvios ilícitos.


O próprio Nelson Goetten foi denunciado pelo Ministério Público Estadual, a partir de relatório do TCE (Tribunal de Contas do Estado). O procurador-geral da República, Roberto Gurgel enviou ao STF (Supremo Tribunal Federal) o pedido de abertura de inquérito para apurar crime contra a administração pública e ressarcir os cofres públicos em R$ 3.069.729,00. O dinheiro do Fundosocial foi distribuido para cinco associações no Alto Vale do Itajaí, mantidas por Nelson Goetten de Lima.


Bom de voto, mas desmoralizado.


Bom de voto, Nelson Goetten de Lima foi eleito pela primeira vez em 1998 a deputado estadual pelo PPB. Fez 20.359 votos. E exerceu mandato de 1999 a 2002. Em 2006, concorreu a deputado federal pelo PFL. Foi eleito com 79.667. Mudou de partido e foi parar no PR (Partido da República). Antes de assumir uma cadeira na Câmara Federal, Nelson Goetten de Lima, exerceu o mandato de deputado estadual pelo PPB, hoje PP.


As entidades citadas no processo são: Acas (Associação catarinense de apoio ao Desenvolvimento Social), Acaf (Associação de Amparo a Família), Companhia de Dança Conhecendo Santa Catarina, Companhia de Música Conhecendo Santa Catarina e Associação Beija-flor.


“Subvenções enchiam carrinho de supermercado”


O ex-deputado contou ao repórter Nader Khalil como funciona o esquema de desvio das subvenções sociais: “…Você libera o dinheiro da associação e manda para a fazenda. A Fazenda não sabendo ela olha e dá baixa. Entendesse? Você pode pedir ouro.


O ex-deputado continuou dando detalhes do esquema: “Você escolhe um laranja por aí afora. Você libera R$ 100 mil para o vagabundo. O endereço não existe. Ele fica com R$ 10 mil e vem buscar R$ 80, R$ 90 mil”, disse. Goetten disse que eram tantas as subvenções que chegava a encher um carrinho de supermercado. 


STF


Trechos de inquérito contra Nelson Goeten 


(..) conforme descreve o Relatório de Auditoria do Tribunal de Contas, as cinco associações investigadas esmeram-se em apresentar periodicamente contas deficientes, nas quais, além das claríssimas hipóteses de desvio de finalidade e superfaturamento suso descritas, contata-se que sequer as atividades que deveriam ser o cerne da vida associativa encontram-se devidamente demonstradas. Palestras são registradas e financiadas sem discriminação de temas e participantes; aulas ministradas por professores lotados no gabinete de Goetten de Lima, em Florianópolis,membros da 'banda pública' financiada pelas subvenções, são noticiadas como tendo ocorrido em Taió ou Pouso Redondo; doces são distribuídos e almoços são oferecidos, sem que saiba ao certo que relação este tipo de evento guarda com os objetivos das agremiações (..)


Outro trecho conclui:


“Goetten de Lima aufere dividendos políticos evidentes,apresentando-se como empreendedor de projeto que, sabidamente, é financiado pelo Estado de Santa Catarina. Declara ter investido nos shows, quando o custeio, de fato, se dá através das subvenções sociais desviadas, que atingem o montante de R$ 3.069.729,00 (três milhões, sessenta e nove mil,setecentos e vinte e nove reais), em valores da época. Na condição de deputado estadual, peticiona em favor da liberação de recursos para as entidades implicadas, valores estes que se destinam, em última análise, ao seu próprio, enriquecimento pessoal” .

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