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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Um quarto da verba do Estado é direcionada para Florianópolis

Desproporção é mais sentida em Joinville, que recebe quase oito vezes menos.

Por: Roberta Kremer, DC.

A polêmica em torno do investimento de R$ 172 milhões para concluir a restauração da Ponte Hercílio Luz trouxe à tona o embate histórico sobre a destinação de recursos para a Capital e o interior do Estado. 

O governo começou o mandato afirmando que iria reduzir a obra, na tentativa de diminuir a equação que prevê 23% dos recursos em obras viárias e infraestrutura somente para Florianópolis. Mas teve que rever a ideia devido à pressão na Capital com a notícia de que o cartão-postal corria o risco de desabar.

Dos R$ 1,3 bilhões estimados para obras em todo o Estado entre 2011 e 2014, R$ 311 milhões vão ficar na Capital. A desproporção é mais sentida em Joinville. A cidade com a maior população do Estado, 515.250 mil habitantes, receberá R$ 40 milhões para o programa de mobilidade da cidade. Isso representa oito vezes menos o montante que será aplicado na Capital e quatro vezes o que será injetado somente na Ponte Hercílio Luz. 

No Vale do Itajaí, os recursos previstos para toda a região são de apenas R$ 58 milhões destinados à recuperação de rodovias, além de outros investimentos no Programa de Recuperação de Pontos Críticos (que para todo o Estado chega a R$ 50 milhões).

O Sul é ainda mais desprestigiado. O maior investimento será em restauração de rodovias, em uma soma de R$ 30,8 milhões.

No Oeste do Estado, o investimento é mais alto do que no Vale e Sul. Do Extremo-Oeste ao Meio-Oeste o investimento em recuperação de vias é de R$116,2 milhões. Isso sem contar com os 90 quilômetros da rodovia SC-468, ligando Chapecó a São Lourenço do Oeste, que serão praticamente refeitos. O presidente do Sindicato do Comércio da Região de Chapecó (Sicom), Ivalberto Tozzo, ainda cobra a retomada do projeto do Contorno Viário Leste para Chapecó, que desviaria o tráfego pesado do centro da cidade.

Na região do Planalto a sensação é de desprestígio histórico. Mas, como é a terra do governador Raimundo Colombo, existe a esperança de que sejam finalizadas obras antigas, como a restauração completa da SC-458, entre Anita Garibaldi a Celso Ramos, e terminar a pavimentação entre Rio Rufino e Urupema. 

Mas tanto Colombo quanto o secretário de Estado de Infraestrutura, Valdir Cobalchini, também do interior, sentiram na pele a pressão de gerenciar o Estado fixados na Capital. E foi o que ocorreu com a tentativa de desacelerar os investimentos na Ponte Hercílio Luz. O Consórcio Monumento apresentou o risco de queda da antiga estrutura e, depois da polêmica, o governo acabou prometendo concluí-la até 2014. 

— Estamos aqui na Ilha e, muitas vezes, recebemos a pressão de quem está mais perto. Mas temos que ter sempre em mente o desenvolvimento harmonioso e estratégico do Estado. A ideia de buscar investimentos de incentivo cultural para a ponte é justamente para podermos aplicar mais no interior — afirma Cobalchini. 

Direcionar para a Capital R$ 23% do valor em obras de infraestrutura do Estado é considerada uma medida necessária na avaliação de lideranças empresarias da cidade. De acordo com o presidente da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif), Doreni Caramori Jr, o investimento se propaga em benefícios para os outros 292 municípios, por se tratar da porta de entrada de Santa Catarina. 

— Se Florianópolis fosse escolhida uma das sedes do evento esportivo, traria visitantes para conhecer o Vale do Itajaí e todas as atrações turísticas do interior. Um executivo que vem para o polo metal mecânico de Jaraguá do Sul virá pelo Aeroporto Internacional Hercílio Luz. A Capital presta um serviço ao Estado — observa. 

Para Doreni, Florianópolis precisa ainda de mais obras. O presidente da Acif diz que a cidade necessita de um terminal portuário turístico, um túnel entre a Lagoa da Conceição e o bairro Itacorubi, um sistema de transporte marítimo metropolitano da Grande Florianópolis e a quarta ligação Ilha-Continente. Essa travessia o governo prometeu iniciar ainda neste mandato e deverá custar R$ 1 bilhão, mas, pela proposta, ainda bem principiante, será feita por parcerias público-privada. 

— O governo precisa saber o que é prioritário. O anterior teve entre as principais metas fazer os acessos a municípios com menos de 10 mil habitantes e deixou para esta gestão a duplicação da SC-401, uma obra que beneficia mais de 100 mil moradores do Norte da Ilha de Santa Catarina — lembra.

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